sábado, 5 de novembro de 2016

Educação contra o falso consenso de pobreza e desigualdade social


Norberto Conceição de Andrade*

Escolhi ser professor. Não tinha ideia de quão oblativa é esse ofício. Mais que ensinar a ler e escrever, fui aprendendo que preciso ensinar saber viver com dignidade também. Aos dezoito anos, assumir uma turma de alfabetização e nela comecei a aprender a lidar com as interferências da pobreza na educação. Eu guardava os biscoitos que recebia de algumas crianças para dá a um menino que não tinha merenda. Caridade, piedade? Não. Eu pretendia compartilhar o que recebia. Daí em diante, veio o curso de Magistério no nordeste do Pará, sob a caminhada de movimentos sociais. A vivência com o MST, a Pastoral Estudantil e o Movimento Negro durante os anos de 1996 e 1997 em Marabá-PA foi meu rito de passagem para a vida adulta da cidadania. As causas sociais ditariam o rumo dos meus estudos e carreira profissional. A cada passo fui renovando minha profissão de fé e compromisso na busca de uma sociedade livre, justa e onde possamos viver dignamente. 

Uma pedagogia do oprimido contra o espírito capitalista condiciona meu agir até hoje, porém, há muito o que aprender ainda, sobretudo o no que se refere a pobreza. Saber que ela é uma construção política tem ajudado na forma de abordar o tema em conversas com meus pares, com estudantes e sua comunidade. No desenvolvimento do meu projeto de vida, vejo que é preciso mais que querer um mundo mais justo e igualitário. Se faz necessário ter ciência do processo de construção da desigualdade social, romper com essa normatização e convívio em um falso consenso sobre a pobreza. Minha utopia implica estudar e pensar tecnologias sociais que quebre o ciclo de costumes com a pobreza. E tenho plena consciência de que seria um ledo engano tentar fazer sozinho e apenas para o outro e à quem está em situação de pobreza. Essa ciranda não é minha só.

Acredito ser possível acabar com a pobreza e as desigualdades sociais. Não desejo alimentar-se delas, mesmo que veladamente. Se foram capaz de construí-las, poderemos desconstruí-las. Sejamos ubunto. Cuidemos uns dos outros. Defendamos as políticas de reparação e distribuição de renda. Age de tal forma que sua ação possa fazer outras pessoas a acreditar que é possível um mundo não-capitalista. Como acreditar nos benefícios do capitalismo que alimentar-se das mazelas da pobreza? O minotauro de hoje pode ser derrotado. Tomemos os estudos sobre educação, pobreza e desigualdade social como um fio de Ariadne. Constantemente convido estudantes, comunidade escolar e colegas da educação a empoderar-nos das regras desse jogo. É mais fácil sair vencedores se agirmos juntos.

*Licenciado em Filosofia pela PUC-GO. Professor da educação infantil e fundamental em Santo Amaro-BA. Estudante da Especialização em Educação Pobreza e Desigualdade Social na FACED-UFBA.

terça-feira, 17 de março de 2015

POR QUE REDUÇÃO DA MAIORIDADE AO INVÉS DA MELHORIA NA EDUCAÇÃO?

Muito interessante o que li dos demais até o momento. Ledo engano! Estaríamos nós almejando uma sociedade livre de crimes, justa, com o efetivo exercício dos direitos, sem máculas nas suas instituições...? Quem financia o crime? Quem alimenta tanta violência? Que garante e vigia os direitos de vossos filhos e filhas? Por que não dizer dos nossos (Que muitas vezes, também vão às ruas, por não fugir e nem temer na luta.) Eu estou em uma situação confortável: efeito do pé materno de galinha, da presença, do cuidado, da educação liberadora (não bestializadora). Não sou fruto, nem comandado, nem aliciado pelas milícias, pelas corrupções, pelos maus exemplos de famílias que cometem seus ocultos crimes (gato de internet, energia, tv a cabo, sonegação de impostos...). Acredito ser justo que paguemos pelo que devemos, mas porque não garantem o que é meu, seu, deles? Oxalá, tenhamos um país mais justo, correto, sem erros, sem crimes, sem explorações dos menos instruídos e minorias! E seguiremos com a síndrome de Adão e Eva?!

quinta-feira, 17 de julho de 2014

TV SENSACIONALISTA: DESINIBIÇÃO E BESTIALIZAÇÃO HUMANA

Depois de espreitar muitas e insistentes veiculação das cenas de baixarias, de banalização dos corpos vitimados, viventes ou após seu óbito em programas sensacionalistas, percebo que as pessoas estão com um medo de ir, de vir e de até conviver com o outro: seja no ônibus ou com a vizinhança. Esse outro que, cada dia, é visto como mais um estranho, um potencial risco para nós, até mesmo um parente de segundo grau. Tenho muito receio do que pode estar sendo construído nos lares bahianos no momento que seus membros ligam religiosamente seus televisores para assistir os programas pseudo-jornalísticos no horário que outrora reuníamos para as refeições. Se pudesse começaria pelo televisor que mãinha acende às 10h00min de segunda a sexta-feira aguardando não sei o que nos programas “Balanço Geral” e “Se Liga Bocão”, este só apresenta o povo empobrecido, especialmente os negros, em situação de constrangimento; expõe essas pessoas cotidianamente, ambos produzidos e transmitidos pela rede RECOR que, pertence à Igreja Universal do Reino de Deus, cumpre um papel desinibidor em contraponto ao poder inibidor exercido pela mesma igreja por meio das suas mídias e atividades religiosas.
Esse fenômeno faz entender Peter Sloterdijk quando ele diz que o humanismo atual merece atenção, porque é possível que as pessoas estejam submetidas as influências inibidoras e desinibidoras que, no exemplo da relação expectadores e os programas da RECOR, visam moldar nossa opinião e, sobretudo, controlar-nos.

O que podemos fazer reagir contra essa influência manipuladora? Desligar a TV ou trocar de canal já seria um começo, pois, além da possibilidade de ver os fatos por outro ângulo, garantíamos a queda da audiência das emissoras que veiculam programas sensacionalistas que ferem os princípios fundamentais da Constituição de 1988, O Estatuto da Criança e do Adolescente e a Declaração Universal do Direitos Humanos, no que referem-se a dignidade humana, o uso de imagem e o respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família  e, por consequência, o não patrocínio do empresariado para tais programas. Ações já realizadas com a Campanha Quem Financia A Baixaria é Contra a Cidadania, uma iniciativa da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, em parceria com entidades da sociedade civil, destinada a promover o respeito aos direitos humanos e à dignidade do cidadão nos programas de televisão.

Sobre A redução da Menor Idade, você prefere...

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