LEDO ENGANO*

Eu tive um sonho e em pouco tempo percebi que, hoje para mim, será impossível imaginar um mundo diferente. Existem infinitas possibilidades e eu não estou acostumado a olhar para todas as direções. Percebi também que se desejo um mundo diferente é porque este me faz sofrer e que não há este desejo para quem não sofre. E eu que pensei que seria mais importante pensar em nós do que somente em um. Ledo engano. E importante engano. Ouvindo um cientista, admitir serem tão infantis os motivos que me levam a não discutir a existência e todo este processo de “evolução”. Somos nós, não existe Deus, que não temos capacidade de viver na diferença. É o reflexo de uma água transparente que nos permite ver nossas rugas, mais a água continua insípida, inodoro e incolor. Perfeita, sem privilégios e nem limitações. Hoje eu não quero fugir, mentir, eu não quero nada. O medo e a ignorância fazem parte do nosso cotidiano, é o que se leva no peito, é a nossa bandeira que nos expõe numa bandeja. Eu sei isso tudo parece infantil. Mais até para lutar tenho que saber por que eu tenho que lutar. Se nada disso existisse, como seria? Um mundo sem lutas, sem vitorias, derrotas, vencedores e perdedores, nada. Eu não desejo o mesmo mundo para todas as pessoas, isto seria outra forma egoísta de imposição. Eu desejo que quando nossos mundos se cruzarem exista respeito, humanidade, dignidade. Quanto ao fato de ser, deixe que cada pessoa e mundo decidam sobre isso.

Texto de Marcos Paulo Oliveira de Carvalho, enviado por e-mail em 20/12/2011.

* O título é meu.

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